Família é tudo na vida de um homem e são os pequenos momentos que tornam a coisa toda mais especial e colorida. Neste sábado, levei meus três filhos para o Jurassic Safari Experience. Como o nome pomposo já indica, o ingresso custou-me o cancelamento do plano de saúde, mas isso é detalhe quando se imagina o sorriso no rosto dos pequenos.
Nosso horário era às 10h40, então às 8h já estávamos tomando café, vestindo as crianças e preparando o lanche. Às 9h entramos no carro, prontos para o início da aventura. De Águas Claras até o Plano é um pulo, mas não tão rápido que não dê tempo para o caçula colocar para fora todo o café da manhã. Olho pelo retrovisor e avalio os danos, enquanto me recordo que o evento é todo dentro do carro. Procuro um local para estacionar ou um desfiladeiro bem alto, que assegure uma morte certa e indolor. Antes de algo tão drástico, no entanto, avisto a fila para entrar.
Parado, desço do carro e vou limpar meu filho e a cadeirinha. Só tenho uma camisa reserva. "Fica de cueca, está quente", penso. Entramos no safari. Logo avistamos alguns dinossauros e as crianças começam a interagir. É isso que faz valer a pena. Estaciono na melhor vaga que encontro, de frente para o palco, e em poucos minutos o show começa. "Olha, filho, o velociráptor!" "Veja, filho, o tiranossauro."
Pai experiente que sou, logo saco um pacote de salgadinhos e um suco pra cada um dos pivetes. "Beto, para de mexer no rádio. Presta atenção no show." "Theo, você está pisando no papai. Senta!" Percebo que estou perdendo a tropa. Penso em amarrá-los, mas isso seria errado e, mais importante, havia testemunhas. Rebeca, a mais velha, me ajuda a controlar os rebeldes.
Os dinossauros param de se aproximar. Começo a acenar, buzinar, gritar e, por alguns segundos, chorar. Sem resultado. Uma vendedora de balões se aproxima, as crianças se desesperam e eu pergunto: "Quanto?" "R$ 35 cada, senhor." Na falta de uma mesa de operações para retirada de um rim, desisto. As crianças passam do desespero para o choro compulsivo. "Cadê a porra dos dinossauros???"
Desço do carro e reclamo com o brigadista. "Não posso fazer nada, senhor." Começo a ficar nervoso. Mostro meu soco inglês para um brontossauro, solto meia dúzia de palavrões para o vendedor de algodão doce e ameaço avançar com o carro para dentro do palco. Meu surto psicótico parece surtir efeito. Os dinossauros se aproximam.
A paz dura poucos segundos. "Pai, balão do dinossauro!" Chamo a vendedora, que me olha com o semblante de quem reconhece o desespero. Compro dois balões e mando um SMS pro meu gerente perguntando a taxa do consignado.
O show termina. Na saída, encosto o carro para uma última foto com o dinossauro inflável da entrada. "Deixa os balões aí para não voar!" Cinquenta cliques depois, consigo uma boa para o grupo da família no WhatsApp. Missão cumprida (e comprida). Voltamos para o carro.
Enquanto coloco o cinto no do meio, a Beca traz o mais novo. Uma corrente de ar atravessa nosso veículo, levando com ela um dos balões. Minha filha joga o irmão no chão e tenta agarrá-lo. Eu, ainda me recobrando do surto, demoro a reagir. O dinossauro voa...
Meu filho chora pelo balão, enquanto choro pelos R$ 35. Mas aí é que a mágica acontece. Em um gesto inusitado, o irmão dá o balão para o caçula acalmar-se. Pronto. Essa cena faz tudo ficar mais leve. Entramos no carro, sorrimos e brincamos por conta do episódio.
Família é tudo na vida de um homem e são os pequenos momentos que tornam a coisa toda mais especial e colorida.